Os cenários e os desafios da regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil

Os cenários e os desafios da regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil

 

Embora a IA esteja transformando e impulsionando inovações em diversas áreas, como saúde, educação, segurança e indústria em todo o mundo, ainda não avançamos para a regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil.

Se você acompanha o tema, já deve saber do Projeto de Lei 2.338/2023, que tramita no Congresso Nacional. Porém, a ausência de um marco legal gera incertezas e desafios para o desenvolvimento responsável da tecnologia.

Por isso, o objetivo deste texto é falar sobre o cenário e os principais desafios da regulamentação da IA no Brasil. Além disso, você também confere as implicações para o futuro e como adaptar a rotina corporativa para a tecnologia.

Se aprofunde no tema!

Resumo do artigo:

  • Visão geral da regulamentação de IA no Brasil;
  • Direitos e proteções para os usuários;
  • Comparativo internacional;
  • Classificação de riscos e transparências na IA;
  • Desafios e oportunidades para empresas;
  • Jornada de conhecimento Tripla.

Qual o objetivo da regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil?

De acordo com o Senado, a regulamentação da inteligência artificial no Brasil, busca formalizar o uso da IA para oferecer segurança jurídica e impulsionar ações para o seu desenvolvimento em educação, tecnologia e negócios. O Projeto de Lei em tramitação deve focar em princípios, como a igualdade de direitos, não-descriminalização e na centralidade da inteligência humana.


Uma visão geral sobre a regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil

Há várias propostas legais em discussão para regular a inteligência artificial no Brasil. Na verdade, são mais de 40 em tramitação.

Dentre os diversos projetos, destaca-se o de número 759/23. Ele visa regulamentar os sistemas de Inteligência Artificial no país e estabelece que o Poder Executivo deve elaborar uma Política Nacional de Inteligência Artificial.

  • Atualmente, o texto está sob análise na Câmara dos Deputados em caráter conclusivo, passando pelas comissões de Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como de Constituição, Justiça e Cidadania.

O objetivo é estabelecer diretrizes para a utilização da inteligência artificial, fornecendo segurança jurídica para investimentos em pesquisa, desenvolvimento de produtos, plataformas digitais e a criação de robôs e máquinas, sempre considerando os limites éticos e os direitos humanos.

Comparativo internacional: a regulamentação da IA no Brasil e no mundo

Como vimos, o Brasil continua engatinhando na regulamentação da IA. Porém, temos países que já deram passos importantes e são exemplos.

É o caso da União Europeia, que aprovou o “Regulamento da Inteligência Artificial”, considerado um dos mais abrangentes do mundo. Esse regulamento define regras para o desenvolvimento e uso de sistemas de IA, com foco na segurança, ética e transparência.

Nos Estados Unidos, a regulamentação da IA é feita por agências e pelos estados da federação. Embora não exista uma Lei federal específica, há diversas regras que se aplicam, como as Leis de proteção de dados e as Leis de discriminação.

Na América do Sul, a regulamentação e o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) estão em estágios variados, com diferentes países adotando abordagens e níveis de investimento distintos.

Em geral, os países da América do Sul, como Argentina, Peru e Chile, estão avançando significativamente na regulamentação e promoção do desenvolvimento de IA, mas ainda estão em fase de construção de suas estratégias e infraestruturas necessárias para suportar um ecossistema de IA. Cenário muito parecido com o Brasil.

Dessa forma, aprender com exemplos internacionais é crucial para o Brasil. Esses exemplos serão valiosos para a construção da política de IA no país, pois fornecem diretrizes sobre como estruturar suas próprias políticas e incentivar o crescimento tecnológico de maneira segura e ética.

Impactos da regulamentação da IA: mais direitos e segurança para os usuários

Segundo a KPMG, o Brasil é um dos países que mais aceita e confia na Inteligência Artificial. Dados revelam que 72% dos brasileiros acreditam que a IA terá um impacto positivo na sociedade.

Com a regulamentação da IA, veremos um avanço seguro no uso da tecnologia, com a proteção dos direitos e dos usuários. Afinal, as organizações e órgãos públicos precisarão agir com ética e transparência.

  • As empresas deverão explicar quais dados são coletados, como eles são usados e quais decisões a IA toma com base nessas informações.

Além disso, o indivíduo afetado por um sistema de inteligência artificial terá o direito de contestar e de solicitar a revisão de decisões, recomendações ou previsões que produzam efeitos jurídicos relevantes ou que impactem de maneira significativa seus interesses.

Esse direito à contestação também abrange decisões, recomendações ou previsões amparadas em inferências discriminatórias, ou que atentem contra a boa-fé.

Vale a pena saber mais: classificação de riscos e transparência na IA

A classificação de risco é um componente crucial para a regulamentação e o desenvolvimento responsável da IA. Isso porque, avalia o potencial de impacto negativo de um sistema, considerando, fatores como:

  • Natureza do sistema: função, tipo de dados utilizados, impacto na sociedade e nos direitos individuais.
  • Intensidade do impacto: possibilidade de causar danos à saúde, segurança, privacidade, liberdade e\ou outros direitos.
  • Probabilidade de ocorrência: chance de o impacto negativo se concretizar.

Com base na classificação de risco, sistemas de IA podem ser categorizados como:

  • Risco baixo: impacto negativo limitado e reversível.

Exemplos: chatbots simples, sistemas de tradução automática.

  • Risco médio: potencial de impacto negativo significativo, mas com medidas de mitigação eficazes.

Exemplos: sistemas de reconhecimento facial, sistemas de análise de crédito.

  • Risco alto: elevado potencial de causar danos graves e irreversíveis.

Exemplos: sistemas de armas autônomas, sistemas de pontuação social.

Desse modo, a transparência é um pilar fundamental da classificação de risco e da regulamentação da IA.

É ela que garante que cidadãos e stakeholders compreendam os riscos e impactos da tecnologia, que desenvolvedores e empresas assumam a responsabilidade por seus sistemas e que autoridades realizem a fiscalização e regulamentação de forma eficaz.

O que esperar após a regulamentação? Desafios e oportunidades para empresas

Com a implementação das diretrizes regulatórias, as empresas enfrentam o desafio de garantir a conformidade de suas práticas de IA com as exigências legais.  Isso requer uma revisão minuciosa dos processos internos, desde a coleta e uso de dados até as decisões tomadas pelos sistemas de IA.

As organizações devem investir em transparência e prestação de contas, fornecendo informações claras sobre o funcionamento de seus algoritmos e como eles impactam os usuários.

É esperado que a nova regulamentação exija mudanças nos modelos de negócios, especialmente para empresas que dependem da IA.  Após a regulamentação, o panorama da IA no Brasil deve evoluir de maneira significativa, com potencial para impulsionar a inovação tecnológica e o desenvolvimento econômico.

As organizações terão a oportunidade de explorar novos mercados e desenvolver soluções inovadoras que atendam às demandas regulatórias e agreguem valor aos clientes.

A regulamentação também pode catalisar a colaboração entre empresas, governo e academia, criando um ecossistema mais robusto de pesquisa e desenvolvimento em IA — aqui, é possível ter avanços significativos em áreas como saúde, educação, segurança pública e sustentabilidade ambiental.

As empresas também devem investir na capacitação de seus colaboradores para trabalhar com tecnologias de IA e promover uma cultura de inovação e experimentação.

Ao adotar uma abordagem centrada no ser humano, as organizações podem garantir que a IA seja utilizada para potencializar os negócios, criando valor tangível!

Conclusão

A regulamentação da inteligência artificial no Brasil traz consigo uma série de desafios e oportunidades para as empresas. Foque na adaptação às novas diretrizes, conformidade legal e integração eficaz da IA nos seus processos organizacionais.

Ao mesmo tempo, a regulamentação oferece perspectivas surpreendentes para o futuro da IA no país porque, claro, garante inovação tecnológica e impulsiona o desenvolvimento econômico.

É o momento de considerar não apenas os aspectos técnicos e econômicos, mas também as implicações éticas, sociais e políticas dessa tecnologia.

Continue a sua jornada de conhecimento da Tripla em nosso blog. Leia conteúdos exclusivos sobre a aplicação da inteligência artificial e mais aspectos sobre as novas tecnologias nos negócios.

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