Indústria 4.0 – O que é, quais seus pilares, quais oportunidades irá gerar e como se preparar

indústria 4.0

A chegada da Indústria 4.0 tem gerado uma série de especulações e expectativas em todo o mundo. Espera-se muito desta que é vista como a Quarta Revolução Industrial, muito por parte do que veio com as três primeiras, como as linhas de produção em massa, eletricidade, linhas de montagem e tecnologia da informação.

Inovações e recursos advindos destas revoluções industriais aumentaram o número de empregos, renda e acesso das pessoas economicamente ativas a mais bens de consumo e serviços com maior qualidade. Mas poucas pessoas, em relação a quem já ouviu o termo, sabe realmente do que se trata essa nova Indústria. Mais ainda, poucos são os que conhecem seus pilares de sustentação e funcionamento. Bem como todas as oportunidades em termos de negócios, inovações, trabalho e mercados que ela pode gerar. Por isso, decidimos preparar um artigo detalhado, contando tudo o que você precisa saber sobre a Indústria 4.0.

Leia-o até o final para entender tudo sobre a Quarta Revolução Industrial e tudo o que ela pode gerar em termos de mudanças e transformações no mundo.

Indústria 4.0: Contexto histórico

Antes de entendermos o que a Indústria 4.0 realmente é na prática, precisamos conhecer e entender primeiro o seu contexto histórico.

A primeira Revolução Industrial ocorreu entre o fim do Século XVIII e começo do Século XIX na Inglaterra. Ela foi marcada por uma série de mudanças em relação a novas formas de manufatura de produtos. Em geral, essas mudanças foram no sentido de acelerar o processo produtivo industrial, o que acelerou o desenvolvimento do sistema capitalista como conhecido hoje.

A Segunda Revolução Industrial ocorreu entre o início do Século XX e fim da Segunda Grande Guerra. Nela, houveram uma série de desenvolvimentos nas indústrias química, elétrica, de aço e do petróleo. Foi nesta fase da revolução industrial que Estados Unidos e Alemanha se alçaram no mundo como potências industriais.

Já a Terceira Revolução Industrial, a Indústria 3.0, teve início um pouco após a Segunda Guerra Mundial e ficou marcada pelo desenvolvimento e uso de tecnologias avançadas na produção industrial como sua principal característica.

Assim, a Indústria 4.0 é a próxima etapa, também chamada de Quarta Revolução Industrial.

PS: Embora se use uma sequência de “Revoluções Industriais”, não é errado tratá-las como etapas, pois para muitos estudiosos, não é possível estabelecer rupturas sérias entre uma e outra Indústria.

O que é indústria 4.0

O termo Indústria 4.0 foi utilizado pela primeira vez como conceito de Quarta Revolução Industrial na cidade de Hanover, em 2011. Mais precisamente, na famosa feira de tecnologia que ocorre na cidade alemã todos os anos.

Ela foi originada por meio de um grande projeto envolvendo a associação do governo alemão com universidades, centros de pesquisa do país e empresas de tecnologia. O objetivo do projeto e da Indústria 4.0 é propor e gerar mudanças radicais nos modelos industriais como conhecidos até então.Mudanças essas que fazem parte de uma visão futurista, porém realista, do meio industrial. Uma visão em que uma descentralização completa dos controles de processos e grande disseminação dos dispositivos inteligentes interconectados acontece. E que abrange toda a cadeia de produção e logística das fábricas.

Uma outra forma de definir, de modo resumido, a Indústria 4.0 é a seguinte:

Conjunto de tecnologias baseadas nos conceitos e respectivas interações entre sistemas cyber-físicos, Internet das Coisas e Big Data, dentro do modelo industrial.

O que viabiliza a existência de uma “fábrica sem papel”, de forma a facilitar a visão e tomada de decisões por partes dos humanos colaboradores com esta fábrica inteligente.

A Indústria 4.0 ainda conta com a ampla utilização da Inteligência Artificial Robótica.

Quais os princípios da indústria 4.0

Já sabemos o que é a Indústria 4.0, agora vamos avançar e conhecer seus princípios.

Em 2012, um grupo de trabalho formado Siegfried Dais e Henning Kagermann apresentaram um relatório ao governo alemão. Nele, constavam recomendações para o planejamento, implementação e desenvolvimento do que chamaram de Indústria 4.0.

Neste relatório, eles estabeleceram 6 princípios para esta indústria, que foram muito bem aceitos.

Virtualização

Este princípio se pauta na proposta de uma cópia virtual das fábricas inteligentes. Cópia esta que é possível graças a sensores espalhados por toda a planta da fábrica. O objetivo é poder rastrear e monitorar de modo remoto todos os processos da fábrica.

Descentralização

Este princípio pauta a ideia de que a máquina deve ser responsável pela tomada de decisão, muito por conta de sua capacidade de se auto-ajustar, avaliar as necessidades da fábrica em tempo real e fornecer suas informações sobre os seus ciclos de trabalho.

Tempo Real

A Indústria 4.0 possui a capacidade de coletar e tratar dados de forma instantânea. O que permite uma tomada de decisão em tempo real.

Modularidade

Outro princípio desta indústria é que ela permite que módulos sejam acoplados e desacoplados de acordo com a necessidade da fábrica. Algo que oferece grande flexibilidade na alteração de tarefas na fábrica e processo produtivo industrial.

Interoperabilidade

A Interoperabilidade pega o conceito de internet das coisas, estabelecendo a ideia de as máquinas e sistemas podem se comunicar entre si.

Orientação a Serviços

O sexto princípio é um conceito em que os softwares são orientados a disponibilizarem soluções como serviços. De forma que seja possível conectar toda a indústria em um só ponto.

Quais os pilares da indústria 4.0

Um outro ponto a destacar, ainda falando sobre os princípios da Indústria 4.0, é que os mesmos podem ser vistos como os pilares desta Quarta Revolução Industrial. Na verdade, esses princípios ou pilares são o que fazem a Indústria 4.0 poder ser tratada como uma nova Revolução Industrial.

Agora, vale apontar que há ainda outras tecnologias que podem ser consideradas como pilares para a Indústria 4.0. Sendo estes a Internet das Coisas, que é o conceito que trata da conexão de aparelhos físicos à rede. Também há a Big Data, que é um conceito usado para se referir a nossa realidade tecnológica atual. Em que há uma quantidade maior de dados a serem processados a cada dia. E para completar os pilares da Indústria 4.0 ainda temos a Segurança de Dados, Inteligência Artificial e Computação na Nuvem.

Principais desafios da indústria 4.0

Mesmo com um amplo lote de vantagens e inovações tecnológicas para a Indústria 4.0, a mesma possui seus desafios. Principalmente no Brasil, um país onde a economia ainda é baseada em serviços e produtos de pouco valor agregado e altamente sujeito a volatilidade do mercado internacional.

Em nível de inovação e tecnologia, a indústria brasileira também está bastante atrasada em relação a vários países mais desenvolvidos.E isso tudo dificulta a implantação da Indústria 4.0 no país. Para vencer esses desafios, é necessária a formação de profissionais qualificados para planejar, executar e gerenciar as inovações em quem ela se baseia. Além disso, é preciso também fomentar a criatividade, gosto de inovação e proatividade. Sem falar de uma melhor oferta de infraestrutura em logística e telecomunicações.

Indústria 4.0 no Brasil

Como apontamos no tópico anterior, a Indústria 4.0 tem sérios desafios no Brasil. Muito por conta de seu atraso no acompanhamento de novas tecnologias, e do baixo volume de profissionais especializados. No entanto, a Indústria Brasileira tem dado passos importantes para a sua inserção nas novas tecnologias que a Indústria 4.0 trás.

Segundo dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria) 73% das grande empresas já aumentaram seus investimentos em novas tecnologias. Um estudo realizado pela Deloitte aponta que 39% dos gestores brasileiros consideram o uso de tecnologias avançadas como um diferencial competitivo. De acordo com a Associação Brasileira de Automação, cerca de 67% das fábricas já usam sistemas de gestão para auxiliar nos processos internos.

Continue lendo para conhecer quais os impactos que a Indústria 4.0 está trazendo para o Brasil e o Mundo.

Impactos que a Indústria 4.0 irá causar

Uma das principais mudanças, ou impactos, que a Indústria 4.0 vem trazendo para o mercado está especialmente na criação de novos modelos de negócio. O mercado também está ficando mais exigente, e busca produtos e serviços com inovações condizentes com esta revolução.

Agora, é importante frisar que os impactos dessa indústria apresentam tanto pontos positivos quanto negativos. Vamos conhecê-los agora.

Pontos positivos

Vamos começar pelos impactos positivos que a Indústria 4.0 tende e já está provocando nas fábricas, em todos os seus processos industriais.

O primeiro deles se encontra justamente no investimento em inovações e tecnologias avançadas, como a Inteligência Artificial e Internet das Coisas (IoT). Embora o investimentos nestas tecnologias avançadas demande um certo gasto inicial, o retorno em redução de custos é muito maior do que por meio de qualquer outro processo que leve a economia de gastos conhecido. Além disso, a empresa ganha fôlego de tempo quanto a necessidade de novos investimentos em tecnologias, já que a Indústria 4.0 é o que limite em que estão os as melhores possibilidades de investimento em modernização dos processos industriais.

Agora, é preciso que o gestor da empresa, que apostará na inserção da sua fábrica e processo industrial na Indústria 4.0, tenha uma visão estratégica. Além da visão para aceitar e aproveitar a oportunidade de investimentos inovadores, aderir a Indústria 4.0 irá demandar um planejamento detalhado. Todos os processos e o organograma da companhia terão que ser mudados. O que abre para a empresa uma oportunidade de ter menos profissionais em processos operacionais, e mais colaboradores em incumbências estratégicas para a empresa.

A produção também é mais flexível graças às máquinas mais inteligentes e o princípio de modularidade. Isso permite atender de forma mais rápida aos novos anseios do mercado. Por exemplo, ao conseguir colocar um novo e desejado produto a venda em tempo muito menor do que o permitido pela Indústria 3.0. O que gera impactos positivos também para os consumidores, que terão acesso a mais produtos personalizados, com maior qualidade e menor custo ao mesmo tempo.

Pontos negativos

O primeiro impacto negativo que a indústria 4.0 acarretou são os ciberataques, típicos da chamada espionagem industrial. A Indústria 4.0 promove uma maior conectividade de dados da empresa. Isso faz com que ela fique mais sujeita a ataques de espionagem industrial, que visam roubar informações para utilizar em seus próprios processos produtivos ou vender a informação para concorrentes.

Outro possível impacto negativo é a distribuição de poder na mão de pessoas tecnocratas, que detém o conhecimento técnico dos novos avanços tecnológicos desta Quarta Revolução Industrial. Sem mencionar ainda a questão do uso da Inteligência Artificial, que pode ser usada em guerras comerciais, golpes e mesmo em Fake News. Porém, a maior preocupação de um possível impacto negativo da Indústria 4.0 está em outro setor: o mercado de trabalho.

Como o mercado de trabalho será impactado

Existe sempre um temor de que, na medida em que inovações tecnológicas surjam, mais e mais postos de emprego sejam destruídos.

É o velho medo de que as inovações tecnológica, robótica, e prática que aumentam a produtividade da indústria, possam gerar prejuízos ao mercado de trabalho, sob a forma de tarefas operacionais que antes precisavam de pessoas trabalhando, mas que agora podem ser substituídas por máquinas.

A cada uma das etapas anteriores da Revolução Industrial esse medo esteve presente. E com a Indústria 4.0, esse temor também não deixaria de aparecer. Mas será que realmente há tanto assim a se temer?

Inicialmente, um dos pontos que mais chama atenção e preocupação no mercado de trabalho por conta da Indústria 4.0 é o chamado desemprego tecnológico.

Este tipo de desemprego pode ser conceituado pela:

  • Substituição de mão de obra por máquinas e/ou sistemas
  • Dispensa de trabalhadores por por novos modelos e padrões que evoluíram ou que estão surgindo agora
  • Substituição da operação intelectual conhecida por sistemas ou máquinas. Ou seja, trabalhos desempenhados de forma intelectual que agora podem ser delegados a máquinas ou sistemas específicos.

Mas é importante pontuar que isso não quer dizer que a Indústria 4.0 vem para destruir empregos sem nenhuma alternativa para o mercado de trabalho. Existe uma solução para o problema do desemprego tecnológico, que foi uma importante pauta do Fórum Econômico Mundial de 2017, que é a educação qualificada, para a formação de profissionais que possam assumir postos de trabalho que ainda nem existem.

Além disso, mudanças no comportamento do mercado também devem impactar o mercado de trabalho. Uma das mudanças mais visíveis hoje é que estamos passando de um sistema que preza pelo consumo, para um onde o acesso, o uso, é mais atraente.

Quais as oportunidades geradas pela indústria 4.0

Se por um lado a Indústria 4.0 pode, de algum modo, representar risco para o mercado de trabalho. Por outro, ela pode ser o meio de geração de diversas oportunidades.

Em negócios por exemplo, a Indústria 4.0 ainda está incipiente. Pouco do que ela realmente tem a demonstrar já foi explorado. Então é natural que com o tempo, e a maior assimilação da Quarta Revolução Industrial pelo mundo, demandas para solucionar problemas na mesma surjam.

Alguns analistas de mercado fizeram estimativas sobre a Indústria 4.0. Os resultados obtidos por seus estudos apontaram para um mercado potencial de US$ 15 trilhões. Isso tudo em um período de apenas 15 anos a frente. É interessante pontuar que empresas gigantes como a Intel e GE já estão realizando esforços na área, com a finalidade de vencer desafios técnicos, como o nível de segurança para a troca de informações sensíveis de forma segura. Bem como a criação de padrões e referências para a interoperabilidade entre dispositivos e máquinas. O que mostra que a Indústria 4.0 também chega com um grande potencial para gerar oportunidades de negócios e trabalho em diversos setores e segmentos.

O cenário do Brasil frente a Indústria 4.0

Já falamos um pouco sobre como o Brasil está para a Indústria 4.0 em outros pontos deste artigo. No entanto, é importante darmos um foco maior ao assunto, já que a Quarta Revolução Industrial vai impactar todo o planeta. Por isso também o Brasil não pode simplesmente deixar esse fato de lado em seus processos industriais.

De cara, temos um cenário que não é dos mais animadores quando analisamos nossa indústria atual para a Indústria 4.0.

De acordo com especialistas no setor, o Brasil ainda é um país cuja Indústria Nacional está na etapa 2.0, indo para a Indústria 3.0. Para se ter uma ideia da defasagem industrial que o Brasil tem hoje, cerca de 165 mil robôs industriais teriam que ser instalados no país para atingir o nível que a Alemanha possui atualmente em densidade robótica.

Felizmente, a Indústria 4.0 possui uma vantagem para o país que é a de permitir que o Brasil possa queimar etapas e ir para a 4.0 em sua Indústria Nacional. Ou seja, é possível adotar as novas tecnologias da Quarta Revolução Industrial, sem precisar passar pela modernização fabril que países desenvolvidos tiveram que passar .E assim, conseguir alcançar um patamar de grande competitividade industrial com o mundo desenvolvido.

Desafios para a Indústria 4.0 no Brasil

Mesmo tendo a possibilidade de queimar etapas e entrar na Indústria 4.0 com mais facilidade, o Brasil ainda tem desafios importantes na sua entrada na Quarta Revolução Industrial.

Um deles é o índice de desenvolvimento tecnológico nacional. O Brasil ainda precisa avançar, e muito, no nível tecnológico adotado nas indústrias para conseguir entrar de vez na Indústria 4.0. Outro grande desafio para o país está na adaptação das fábricas as novas tecnologias.

Como é sabido, o conceito da Indústria 4.0 está estabelecido na integração das tecnologias físicas e digitais. Além da aplicação de princípios de engenharia e produção na infraestrutura fabril. O que demanda a integração de sistemas digitais aos maquinários das empresas. Criando uma conexão para que todos os processos operacionais tenham a possibilidade de ser realizados de forma automatizada e remota.

Um outro desafio para a Indústria 4.0 no Brasil ainda é a falta de conhecimento eficiente para a implementação da tecnologia avançada na indústria. O que faz necessário a existência de fortes investimentos em educação e formação qualificada de profissionais capazes de realizar essa implantação das tecnologias na Indústria 4.0.

Como preparar sua empresa

Continuando o nosso artigo, vamos ver como deve ser a preparação de uma empresa para sua entrada e adaptação na Indústria 4.0.

De modo geral, a preparação de uma empresa para esta Quarta Revolução Industrial passa pela atenção a alguns pilares importantes, como:

  • Internet das Coisas: Técnica que permite conectar informações de dispositivos na internet.
  • Big Data: Também conhecido como Big Data Analytics, são dados extensos, complexos e bem estruturados que permitem que as fábricas não só capturem como também gerenciam e façam a análise das informações da fábrica.
  • Segurança da Informação: A entrada na Indústria 4.0 traz grande benefícios e vantagens para uma empresa. No entanto, ela precisará melhorar a segurança de suas informações, já que estará se expondo a um maior risco de seu roubo para a chamada espionagem industrial.

Toda empresa que quiser fazer parte dessa Quarta Revolução Industrial deve se preparar para atender a esses três pontos.

Como preparar sua fábrica

Já em relação a uma fábrica propriamente dita, também existe um processo para a implementação da indústria 4.0. Este consistindo nos investimentos adequados para a modernização de sistemas para as novas tecnologias da Quarta Revolução Industrial. E claro, também é preciso preparar a fábrica para a Indústria 4.0 garantindo a existência de profissionais capazes de realizar um trabalho eficiente já nesta nova indústria.

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